Exposição individual na Arquivo - 8 de Março a 4 de Abril
Entre execução e criação as cerca de vinte obras que Daniel Moreira apresenta, trabalham dispositivos que permitem a emancipação de imagens familiares e novas formas enigmáticas que começam a ganhar outras práticas de representação a partir de uma tradição fiel e autoral.
O vento começa a levar o desenho por entre as árvores e as montanhas, as fotografias são a nossa construção singular e íntima como hologramas que crescem entre relações de objecto e modelos visualmente presentes. Toda a ancoragem do gesto atinge pormenores de capacidade que provocam protocolos de escala e abraçam já os espaços vazios. Expandindo assim, o desenho e dando a liberdade ao espectador para escolher cuidadosamente o seu ponto de vista, para nesse sentido, iniciar uma viagem nesta partilha de sentimentos instalados no mundo. Afectos perante uma comunidade fraterna que se apresenta entre esculturas desenhos fotografias e pinturas, que me lembram inevitavelmente, a frase de Matisse, citando Delacroix, "l´exactitude n´est pas la vérité". Sabemos que o caminho do desenho apresenta enigmas figurativos de paisagens extraídas de um modelo construído pelo sonho ou pela apropriação do quotidiano, sabemos também, que toda esta linha vive pela emancipação de energia sentimental. Poderemos enfim, suspeitar ainda, da intensidade do vento, da força e fertilidade das árvores mas sabemos agora, que a cada traço Daniel Moreira está mais perto da sua Génesis inicial: a Viagem.
Rita Roque
Porto 4 de Março
2014
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