segunda-feira, 9 de junho de 2014

A sombra de um tronco deixado para trás





Exposição individual na Objectos Misturados gallery, Viana do Castelo, 2014

O registo preciso, meticuloso e fixo de um mundo concebido na excitação do olhar faz da natureza artefactos e relíquias, formas pupilares do olhar que as preserva através de um automatismo ritualizado sobre a folha. A espontaneidade existe apenas na permutação entre as gentes vestidas de memórias e histórias e o corpo do espaço que as envolve. Porque as gentes são árvores e árvores são gentes, emancipando-se, agigantando-se e enlaçando-se nos movimentos construídos em rigorosa forma unissonante. São formas reflexivas e quebradas que escondem e espreitam o desenrolar de um pressentido movimento narrativo. Nisto, o lápis lança o lençol sobre os volumes registados que se entranham nas montanhas e na penumbra das hastes das árvores. Desenhos inventados por um sensível abstracto de realidade como fotografias perdidas, gastas pelo passar dos dedos.

Bárbara Fonte

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